sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Niilista Como Tudo



"Não sei por onde começar, sinceramente. Depois de tentar tantas vezes, e fracassar, acho que dessa vez eu conseguirei, eu realmente quero fazer isso, senhor! (não me refiro a Deus!)
Não culpo ninguém por isso, e no fundo nem a mim mesmo. Mas renunciar à vida não é aparecido p´ra mim como um ato de orgulho, e sim como um ato de desespero. Após tudo que foi dito, concebido e feito, renunciar a tudo e a todos me parece a saída mais digna. Sinto mais pelos que ficarão por aqui, no plano terreno, do que por mim. Faço isso exclusivamente por amor. Não me venham ser moralistas ao ponto de dizer que p´ra tudo tem solução, ou até me chamarem de louco, mas se quiserem me chamar, estejam à vontade, tanto faz, serei esquecido no final mesmo.
Afinal, faço parte de uma sociedade niilista, uma sociedade de merda, onde nem a própria se sustenta, nada tem o dito valor, nada vale merda nenhuma, uma sociedade onde você está tinindo hoje, e amanhã está esquecido, e só lembram de você novamente quando você está envolvido em uma maldita catástrofe. Afinal, somos movidos a que, não é? Nosso combustível é a boa e velha desgraça, não serei presunçoso ao ponto de dizer que sou tão diferente da sociedade, só não consigo conviver meio a tanta falsidade e hipocrisia, e principalmente...fraqueza. 
Agora me pergunto, seria renunciar à vida sinônimo de fraqueza? ou de covardia?
Sinceramente isso se contradiz, a partir do momento que estou dando fim a mim mesmo, pois, aos olhos racionais, tem de ter uma extrema coragem para consumar tal ato, mas enfim...não entrarei nestas questão, meu tempo está se esgotando.
Não se culpem...não se culpem, é o que eu digo, mas do que adiantará, não é?
Por fim, todos chorarão igual loucos, fanáticos religiosos dirão que estou fodido, os, supostamente fortes, me chamarão de fraco, me julgarão, chorarão mais, rezarão...e ME ESQUECERÃO!
Não todos, mas 99%, afinal, tudo isso é niilismo, tudo isso é vital, tudo isso é realmente patético.
Enfim, chego ao ponto da despedida, o triste ponto da despedida, não sei o que me espera, mas sair disso é no mínimo digno, não esclarecerei aqui meus totais motivos, mas fica a questão amorosa, a questão mais intensa e trágica pela qual qualquer um pode passar. Sim, assumo minha fraqueza, mas antes viver com intensidade, sofrer brutalmente e morrer com alguma dignidade, do que ficar aqui, vegetando, aguentando hipocrisia, fingindo aturar os outros, ou pelo menos, sendo obrigado, e se tornar, ao final, um hipócrita também. Eu não sou daqui! Eu não sou daqui, pode ser presunção, mas eu não aguento mais isso.
Cristina, Walter, Rogério, Ewan, à vocês dedico meu eterno e verdadeiro amor, um amor que nunca se acabará, eu posso estar partindo, mas ficarei por vez no astral, talvez sofrendo, ou talvez só nas lembranças, com vocês aqui dentro, se restar algo.
Silvana, você foi intensa, e destrutiva, o melhor e o pior período da minha vida, palavras, palavras, a poesia desaba aqui dentro, nada mais.


Eu fracassei, senhor.


Zero"


Após isso, Zero sela sua carta, e a põe em cima do criado-mudo. Ele vai até a janela, situada no 10º andar, e de lá salta, dando fim à sua curta passagem pela Terra.

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