Por enquanto o dom de escrever está fluindo, não necessariamente da maneira que eu quero, mas existem fragmentos, fragmentos a serem adaptados, organizados e por fim escritos, mas que se dane, organizar não é meu forte mesmo..
Algo inegável é o fato de que nos momentos mais sombrios, mais negativos e consequentemente mais agoniantes, no meu caso principalmente, antes que digam que estou generalizando e me julguem por isso (que por sinal não estou nem aí p´ra isso), a escrita sai mais intensa do que se eu estivesse tilintando de alegria. É realmente bom, dentre a desgraça, poder utilizar de algo ruim para colocar p´ra fora aquilo que realmente vale a pena, aquilo que me desperta um interesse final.
Creio não ser uma experiência comum, pois temos exemplos claros de desgraças 'benditas'.
Agonia de viver, não conseguir ser feliz, felicidade niilista, talvez seja a chave para uma bela escrita. Não é só escrever, sabe? Existe muita coisa por trás, um sentimento, um suspiro, um olhar diferenciado, e me arrisco a dizer que tenho medo de ser feliz, pois talvez meio à felicidade eu comece a escrever mal, e me prender ao clichê da porcaria da vida feliz (preferia me matar ao cair na mesmice).
Mas viver só de agonia é um suicídio involuntário, porém produtivo, e aí fica a grande questão deste texto...'ser feliz ou escrever?', rs...sei que parece complexo, mas é uma questão muito forte, que chega a presenciar e abranger até parte do existencialismo. É muito simples falar que vai escrever ou que realmente sabe escrever, mas existe muito mais do que escrever. O sujeito tem que viver sua escrita, fazer-se o personagem principal, a priori talvez, pois quando se iludir e dizer que está escrevendo uma história alheia, acerca de dele, ele sempre vai cair nele mesmo.
A maior agonia talvez seria virar um figurante na sua história, isso deve doer, mas acontece, e quando acontece, meu amigo...você tem vontade de cair e não levantar mais. Você se imagina algo alheio porém real, um ponto de fuga, mas você perderá o seu brio por um tempo, e aí, cara, não vai ser os livros que você leu, os filmes que você viu, ou as músicas que você ouviu, e sim você, o que você é, e o que você será daí p´ra frente, tendo em consideração que você é uma mescla de tudo o que já vivenciou, de todas as situações pelas quais já passou.
Por fim, eu analiso o meu show, e me faço mais um personagem, e vou me moldando conforme tudo o que passo. Toda situação, todo suspiro, uma simples amora que cai do pé já modifica uma vida, e fato é que tudo só acontece uma vez, uma vez que não podemos mudar o que já foi, um passo dado à direita, um passo dado à esquerda, isso nunca será mudado, levando sempre a um mesmo fim, e eu sempre caio no mesmo lugar, a agonia da monotonia, a agonia da rotina, a maldita agonia da corrida em círculos, estar travado, estar andando, estar numa maldita camisa de força!
Questão existencial, questão de raciocínio, questão de deixar-se produzir, da melhor maneira.
Arte é dor, uma dor subliminar entra em você toda vez que tem a chance de ter conhecimento de algo belo.
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