O vento celta me levou à direita da linha do inferno, me fazendo brotar no inverno, estando comigo, fluindo comigo, me elevando à dimensão dos pequenos grandes medievais, onde a época das trevas é vista com Luz. Uma outra dimensão, um outro mundo, um universo...não paralelo, mas nuclear, magnetizando-me para perto.
O inverno chega aos bons, e a mim, tirando o calor de dentro, elevando-o para fora, fora de tudo e de todos, deixando-nos a mercê do puro frio. Este por sinal, é mantido no ar, purificando o mesmo, e o orvalho dentro de um orvalho, que segundo alguns é comparado à vida, para mim é o roteiro universal desta dimensão. Não estamos livres? Tudo seria pré-definido, enfim?!
Deixando p´ra lá algumas ideias vindas de retardados como nós, e refletidos em nós, o vento celta se funde com a música medieval, trazendo uma sensação maravilhosa e inexplicável que vai das entranhas aos cabelos, fazendo-nos delirar de paixão a cada toque, a cada suspiro, como um potencial de ação, sendo mais intenso que o amor, sendo mais destrutivo que o ódio, sendo até, talvez, tão destrutivo quanto o amor.
Não consigo parar de viajar dentro desse universo nuclear compartilhado comigo, uma vida de sonhos, sonhos peripatéticos, ao ar livre, um sonho de liberdade desce pela minha garganta, tem gosto de anis e álcool, não consigo parar, portanto, deixo fluir, essa liberdade é bem-vinda, e este estilo de vida me agrada. Isso simplesmente me eleva ao nada, e ao tudo ao mesmo tempo, enquanto sinto um estado doce como o coma, necromântico talvez, um estado onde desespero, ênfase, e paixão se complementam.
Acho que cheguei ao estado do tão esperado oxímoro, traçando a mais tênue das linhas entre a realidade e a fantasia, dando origem assim, COMO DIRIA NOSSO SAUDOSO 'ZECA', ao mais incrível dos sonhos.
A grande fusão entre universos, o grande oxímoro, o vento celta, tudo isso é automaticamente mesclado ao sons, harmonia, prazeres, ódios, medos, amores, a tudo que há de mais intenso, e isso tudo é fundido quase que instantaneamente com o nada, este que por sua vez se torna intenso, um oxímoro ao todo, um grande complemento, complemento de tudo, complemento de nada, completando toda a dialética, própria e acerca, desde que esta esteja sob o meu domínio, ou melhor ainda, se não estiver.
Um grande surto, uma grande vida, uma vida válida.
Vida de Alquimista.
E se a sua vida acabasse neste momento?
Você estaria satisfeito?
Não olhe para o lado, não respire, para de ficar acerca de si, fazendo de tudo ao seu redor o teu centro, e seja por um momento você, só você!
Não se preocupe, só por um instante!
Sou aquele que você quer ser, aquele que faz tudo o que você quer fazer, que respira como você quer respirar, aquele que age como você quer agir, aquele que você quer ser na cama, aquele que você pensa em sonhar, aquele seu alter ego perdedor, que você suga. Eu sou você!
Olhe para si, veja como fede!
Olhe o tamanho da sua desgraça!
Sinta o quão patético você é...
Sinta quanto tempo perdeu, com coisas patéticas como escolhendo a cor do sofá, ou lutando por popularidade.
Chega uma hora que o caos tem de tomar de conta, quebre a sua maldita harmonia, quebre a porra toda, tente não ser você por um instante, sim, não ser você, porque você se fechou tanto que a sua vida não é a sua vida, e sim a vida deles, e a vida deles a sua vida, tudo se funde com a falsidade, tudo se funde com o niilismo, tudo se funde com o nada, e você é só uma peça compondo a mesma merda assim como tudo e todos.
Logo não ser você é a única forma de ser você!
Você é um cara fodido de merda!
Você tem que desistir!
Você tem que perceber que amanhã você vai morrer!
Você tem que sentir o quão inútil você é!
Falso, carne, matéria!!!
Isso acaba!!!
Você não é uma merda de um copo de cristal!
E a sua vida é desperdiçada!
Assim como você, assim como eu, assim como o mundo!
Não seja você daqui p´ra frente!
Desista, insista em desistir de ser você, uma vez que o seu eu está tomado pela falsidade do seu eu!
Desista, você tem que lutar!
O paradoxo sobressai!
Imagine como a vida seria com você fazendo tudo ao contrário, desistir seria insistir, morrer seria viver!
É só sangue!
Serei aquele que você quer ser.
Serei você.
A vida é sua.
"Isso não pode ser real!
Isso não vai ser real!
Isso não tem como ser real!
Isso é real?"
Tudo passava na minha cabeça naquele momento, lá estava eu, finalmente quebrando a camada tempórea, usando algo qualquer como minha nave ao passado, voltando...por amor.
Lá estava ela, com seus belos cabelos vermelhos, mas ela não me conhecia, mas um tinha uma pequena vantagem por saber o que lhe aconteceria no futuro, e infelizmente, o que iria lhe acontecer, não era bom, nem p´ra mim e muito menos para ela.
Eu a conheci naquele instante, gelo e fogo tomou conta de mim naquele instante, ela não me entendia, o que afinal eu queria?
O que doía mais era o fato de que eu não podia revelar que eu conhecia teu futuro, e que era ela meu único, maior e platônico amor, pois caso eu falasse tudo, o universo inteiro desabaria, e voltaria assim à condição comum, voltaria à estabilidade.
Eu tinha pouco tempo, irmãos, eu tinha pouco tempo!
Em poucos instantes, segundo uma desgraçada, exatamente 38 segundos, tudo aquilo iria universo abaixo, e eu precisava de alguma maneira convencê-la que haviam melhores saídas do que aquela que futuramente a minha amada tinha se dado.
Eu falara com ela, com calma, ela me olhando com aqueles belos olhos castanhos...eu sentia seu olhar vago, entristecido, decadente. Eu só queria que ela me entendesse.
Chegamos a um ponto que finalmente consegui sua atenção, e uma pequena parte da sua confiança, tentava lhe dizer tudo o que o futuro iria causar, eu queria ela...comigo, num futuro não tão distante, onde talvez poderia haver um 'nós' ao invés de um tenebroso e sozinho 'eu'.
'Venha comigo', eu dizia, e ela como sempre cética, e como uma real seguidora de nietzsche, contestava tudo e todos, desde minha atitude até as boas e velhas questões existenciais.
Eu só queria salvá-la, entendem??
Eu só queria que ela tivesse mais uma chance, e sem querer me gabar, ou me transformar em herói, eu voltei por amor, ignorando tudo e todos, e consegui este presente, este dom.
Não sabia mais como agir, mas eu já tinha sua atenção, o bom é que ela era igual eu, e não se importava com aparência em si, a atração acontecia, cada vez mais e mais forte, e eu tentava trazê-la, o problema é que minha nave só cabia um, mesmo nós sendo um só, e o futuro ter parte nessa atração, o universo não entendia muito bem o peso e o tamanho que seria transportado, logo, eu precisava agir ali e rápido.
Tenho apenas mais alguns segundos, mas pelo menos os segundos que temos em sonho equivalem a mais do que o temp ode uma vida longa na terra. 'EU DAREI A MINHA VIDA PARA SALVAR A SUA', eu dizia, ela não entendia, e eu não podia me aprofundar mais, senão tudo aquilo estava acabado.
O tempo começava a tremer, o universo começava a ficar extremamente instável, apenas em soltar simples palavras, eu tinha medo, mas era por amor, e eu não iria deixar ela ter o fim que teve, eu iria até o fim, fosse ele qual fosse, e como calígula disse à Deusa vênus ' Deusa toda poderosa, me leve, mas poupe-a", eu dizia para o nada, eu dizia para mim mesmo, eu rezava essa palavras em silêncio.
Ela olhava p´ra mim e dizia "O que você tem?"
Eu retrucava, dizendo: "Nada, só quero que você confie em mim."
Era tão real, tão lúcido, tão vivo, eu estava perto, bastava uma palavra, ela estava confiando em mim, mas, depois de muito, no momento crucial, uma lágrima escorreu do meu olho esquerdo, eu não aguentava mais, ela perguntou porque eu tava chorando, eu apenas disse: "Confie em mim, confie em mim".
E esta foi a carta deixada pelo triste guri. Guri cujo qual não está mais entre nós, levaram-no, intacto ele não sairia, porém, Ela, a guria, foi poupada.
Troca justa?