Um cigarro atrás do outro...
Ele sente sua vida se esvaindo lentamente, assim como a sua alma...
Ele olha para o nada, ele vai até a janela, onde bafora outro cigarro, e olha para o céu, o céu não é azul, e sim cinza, e isso o convida para voar, para se realizar, para abraçar sua própria depressão, e assim ter os seus últimos minutos de alegria, com a doce ilusão de estar com aquela que ele amou.
Ele volta, olha a foto da mesma, e sente um vazio, um grande vazio, um vazio cheio, um vazio completo. Ele só quer sua vida de volta, mas nessa trama deprimente ele vê que a falta da felicidade é a sua maior felicidade, aquele vazio, aquele frio, aquela ausência de cores.
Fumando outro cigarro, ele escreve várias vezes no seu caderno preto: "P´ra que viver se viver é danoso?"
Ele chora, ele se esvai em lágrimas, lágrimas sangrentas, lágrimas negras, simplesmente lágrimas, lágrimas cheias de sentimento, cheias de ferimento.
Já é noite, e ele vê que sua vida nada mais é do que uma danosa perda de tempo.
Ele se cobre...cobre com uma maquiagem preta e branca, fazendo assim transparecer aquilo que todo homem tem vergonha de deixar à mostra...SEU MARTÍRIO, SUA DEPRESSÃO, SEU FARDO DE BELEZA NA TRISTEZA. Isso sim é admitir-se, deixar-se, fazer-se.
Ao sair ele deixa um bilhete aos poucos que talvez se importem com ele daqui a um tempo contendo: "Se eu não voltar, o culpado foi o amor, e a minha vazia susceptibilidade."
Encontra-se no cemitério, neste momento, vendo os túmulos, que são, por sinal, belos mausoléus, e algumas cruzes simples. Afinal, tanto faz...é uma bela homenagem, deixa estar, o cemitério lhe traz uma sobrevida, e isso é irônico, e aos olhos moralistas e hipócritas...DANOSO.
Ele não se importa, ele se quer, ele quer aquela que o abandonou, um paradoxo interessante, um sonho, "por que tudo é tão platônico e impossível?", ele se pergunta?
Ele chega ao túmulo de sua amada, e começa a fazer uma serenata para a mesma, encenando o verdadeiro alarde que vive, sua encenação é real, e nisso os verdadeiros artistas são comprovadamente verdadeiros, em dar vida à sua própria dor, talvez assim ele alivie o que sente no seu peito machucado.
Ele a quer, ele não a tem.
Ele percebe que é a hora de vê-lo como seu próprio melhor amigo..
Mas é impossível que em tão perfeito complemento não hajam também seus lados negativos..
Ele se tornara seu melhor amigo e seu pior inimigo, um paradoxo interessante, um oxímoro, afinal ele se conhece como ninguém, e percebe que dentro de si existem universos terríveis e admiráveis.
Ele...mais do que ninguém, sente suas maiores falhas e virtudes, se torna vários personagens, porém sempre caindo no mesmo ponto de fuga.
Um homem sem rosto, que almeja estar com quem amou, e vê como seu destino é penoso.
"É incrível o complemento que o auto-conhecimento traça"...ele pensa, "um complemento doloroso e eufórico ao mesmo tempo". Sua existência, pensa ele, é um oxímoro mais do que completo, variando entre euforia e depressão, e sua euforia vagueia pela depressão, e sua depressão pela euforia, e ele se vê como um ser completo, e lesivo...PRINCIPALMENTE LESIVO.
Logo, o ser completo é como o amor, intenso, magnífico, eufórico e danoso, ele não aguenta mais...ser tão susceptível, tão sensível..
"EU NÃO SOU DAQUI, EU NÃO SOU DAQUI", ele repete inúmeras vezes, um mundo porco e irreal. Do que adianta se sentir completo, sabendo que a própria terra que você pisa é um ninho de cobiça?
Andando pelo cemitério, sem rumo, ele não aguenta mais ser o grande oxímoro, a grande excessão, e almeja seu grande fim.
Sentado ao lado do túmulo de sua amada, novamente, ele escreve cartas para ela, ele quer a encontrar, mas sua missão é ingrata, um grande oxímoro solto num mundo cheio de paradoxos...
"Eu não vou fracassar, e viver em um mundo contraditório!"
"Eu farei como você fez, meu amor!"
Abrindo o vinho, ele bebe, e em seguida corta seus pulsos, esperando seu grande momento. O grande oxímoro nunca viveu.
O grande oxímoro...nunca viverá.
PARABENS RAFI, ESCREVENDO MELHOR A CADA DIA...
ResponderExcluirBJO DA WALERIA
Obrigado, Tia Waa...♥
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