Cada átomo vem a ser mutável, assim como cada destino, portanto não se prender àquilo por muito tempo, e se conscientizar que tudo pode ser alterado vem a ser uma das mais valorosas virtudes humanas.
O próprio desapego deve ser considerado. Ninguém é de ninguém, nada é de nada, somos apenas conjunturas expostas a diversas
Repousando sobre o chão sou um grão de areia, um grão de areia transformado em um emaranhado de traumas e paranoias, ao mesmo tempo que sou tudo, sou nada, estou no vento, na luz, no som, eis uma rara qualidade, a de poder estar em tudo e em todos, mesmo não estando, sendo assim, mais uma vez, automaticamente mutável, pura metamorfose.
Sem mais delongas, chame-me de paradoxo instável, minha função é confundir a mim mesmo sendo o contrário do contrário, o avesso do avesso, ou simplesmente um nó, que mesmo depois de desatado continua sendo um nó. O que fazer agora, meu caro? Pegar mais um cigarro e refletir sobre isso? Fingir que nada aconteceu e ir ver o jogo? Ou melhor, continuar aqui escrevendo incessantemente? Quem liga?! Por que fazer de toda situação uma Santa Inquisição? Deixe o tão dito destino mutável definir-te, e o mais importante, se deixe existir, se deixe ser, sem medo de rótulos, medos ou inseguranças, no mais, esteja, nem que por um segundo de tempo, suspenso a tudo e a todos.
Eu não preciso de nada para escrever, apenas do simples e do básico, o materialismo fica por conta dos esnobes. E com esse meu doce pessimismo venho ler a tua mente, por frases e poesias alternativas, sendo este o meu veículo, e assim, fazer você encarar a mais pura realidade,
E ao som de Cícero venho despir meus pensamentos para ti, uma intimidade que nem os deuses podem sugerir. Não é preciso mutilação para abrir teu peito e tua mente, basta se permitir conhecer a anatomia do teu pensamento, e assim dissecá-lo, podendo se ver sem os filtros impostos pela consciência, conhecendo-te, irmão, conhecendo-te. E que não cometamos mais o pecado de ignorar o que sentimos, ou pior, culparmo-nos, sendo este o desencadear de uma série de omissões, transformando-te num mero cordeiro da sociedade. Não prego aqui, neste momento, a revolta contra a sociedade, mas contra nós mesmos...E lhe adianto, seremos livres assim que perdermos o medo do desconhecido e termos colhões para nos surpreender. Se permita, sem pudores, ao menos nos teus pensamentos, e sinta a tua doce metamorfose.