O corpo dele é normal, o físico...digamos que médio, sua altura, mais para baixa do que para alta. Na multidão ele passa despercebido, é só mais uma formiga a fim de juntar comida. Até porque, convenhamos, ser o
"Todo mundo é igual, e ao mesmo tempo todo mundo é diferente" ele pensava, o que mais dizer? O que mais pensar? Ele apenas sabia que não era como os outros...
Seu corpo tornara-se seu meio para alcançar coisas, fazer coisas, criar coisas (à maneira física), etc...O significado de corpo é muito subjetivo, e ele detestava o seu 'meio externo', ele se detestava, uma vez que não se achava feio se achava gordo, quando não se achava gordo se sentia mal pelas malditas cicatrizes que carregava consigo, e assim ia, num processo inacabável de subestimação.
Porém, sua mente...
ah, sua mente....
Esta ele repudiava!
Sempre estava numa briga consigo mesmo, uma briga ininterrupta, um ciclo de pensamentos quase que viciosos, sempre o atormentando, o matando por dentro, não havia controle, nunca houve para falar a verdade, mas ultimamente ele sentia uma piora muito grande com relação a estes sentimentos que o sufocavam e quase o matavam.
Era um homem suscetível, um homem que prezava tanto a opinião dos outros que se machucava por qualquer palavra mais ríspida ou olhar relativamente torto. A ironia é que, ao mesmo tempo que era muito frágil...ficava muito forte, uma conversa bem focada e de conteúdo importante mostrava a competência mental deste guri, que poucos compreendiam, claro.
Logo, seu corpo era seu defeituoso meio, e sua mente...sua tenebrosa cela.
Do que adianta um corpo relativamente normal, ou até sadio, quando sua mente está doente? Deteriorada?!
Sua paranoia alcançava níveis exorbitantes dentre o seu limite, ele não tinha mais paz, só pensava no seu passado, desde nostalgias a fúrias, planificações certas que deram errado, nas mulheres que nunca mais teria, sendo este último pensamento um dos mais dolorosos, pensando também nas coisas ruins que já acontecera, nas palavras não ditas, nas atitudes não tomadas, arrependimento, paranoia, bullying. Enfim, tornara-se um verdadeiro insone, sentia-se como um zumbi habitando sua carne, nunca pensou que chegaria a este ponto, ponto que segundo ele: Era o mais doloroso da existência humana.
Por fim ele enxergava com clareza que a pior prisão é a paranoia, não há nada pior do que ser refém de si mesmo, e embora isso o lesasse mais e mais a cada dia ele conseguia ao menos expor suas ideias de forma mais objetiva, porém, como todo bom paranoico, acarretou-se sobre nosso querido protagonista uma crise criativa das bravas...motivo: Expor suas ideias!
Neste momento vemos claramente que o problema em questão é multipolar. Ele elimina qualquer fonte de prazer do indivíduo, o deixando assim bitolado, com as piores expectativas vivenciáveis, nunca curtindo o momento em si, e sempre se preocupando com o minuto a frente, a ansiedade acabando com toda e qualquer expectativa.
Paranoia, prisão, desespero, ansiedade, destruição, infinito...
Refém de si mesmo.